a nossa famosa Lagartista

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12.4.16

Crise brasileira: crise no sexo também ?

(Nathália Silveira)

Pesquisa investiga se a situação financeira nos lares atingidos pela crise 
interfere na vida sexual da população brasileira.

Em uma pesquisa realizada através do "Google Forms" com 142 pessoas com mais de 18 anos, 66,2% dos entrevistados disseram ter cortado gastos em função da crise. Certo, compreensível. Mas uma dúvida persiste : os cortes de gastos atingem a vida íntima ? A quantas deve estar andando a vida íntima do brasileiro em tempos de tamanha crise ?

O questionário foi aplicado a pessoas de diversas faixas etárias com o objetivo de identificar se a vida íntima da população, e especialmente os hábitos sexuais, sofrem alguma mudança em época de recessão e fala de estabilidade financeira nas casas. As respostas foram majoritariamente de mulheres: foram 103 contra 39 respostas de homens.

Esses entrevistados mostraram sentimentos bem negativos quando se fala em falta de dinheiro: 23,9% diz se sentir desesperado, 28,2% diz sentir tristeza e 20,4%, desânimo. Os outros 27,5% dos entrevistados citaram outros sentimentos, que incluem impotência ou privação, entre outros. Isso demonstra que uma das grandes necessidades das pessoas parece ser mesmo o dinheiro, e que ele influencia diretamente em suas vidas pessoais. No entanto, são poucas as pessoas que afirmam ter sua rotina sexual afetada pelo momento de instabilidade financeira. Apenas 7% dos entrevistados disse ter parado completamente suas relações sexuais ou diminuído muito, sendo que 14,1% disse ter diminuído somente um pouco.

Apesar de 18,3% das pessoas terem negado ser afetadas sexualmente pela crise, a psicóloga Sheila Amaral disse que isso pode acontecer. “Com a crise, começam a vir os problemas financeiros, depois vêm os físicos, como a dor de cabeça, as pessoas começam a perder a autoestima e as relações sexuais diminuem ou até param”, conta ela. Segundo a psicóloga, toda essa situação de crise, quando afeta uma família, pode levar a inseguranças, traições ou até mesmo separações. O estresse, que tem como uma das causas a falta de dinheiro, diminui, por exemplo, a libido. Em contraponto, quando os entrevistados, dos quais somente 9,2% estão noivos ou casados, são expostos à afirmação “as pessoas fazem menos sexo quando estão passando por dificuldades financeiras, 30% diz discordar completamente.

As pessoas que responderam a pesquisa, no entanto, mostraram-se favoráveis à afirmação “o cansaço me desmotiva a ter relações sexuais”, em que 11,3% concordou totalmente e 41,5% diz ser verdade às vezes. Esse cansaço é parcialmente causado pelo estresse, que por sua vez é influenciado também pela falta de dinheiro. Foram 88 pessoas a responderem que a falta de dinheiro as estressa.

Tanto se fala em crise, mas, afinal, como está a crise brasileira? O governo perdeu credibilidade e adotou medidas que não agradam parte da população. A estratégia adotada é uma política monetária restritiva, na qual se diminui os investimentos e o crédito oferecido em prol de tentar diminuir o déficit público e a inflação. No entanto, essa medida também afeta a renda da população, o poder de compra do consumidor, a taxa de emprego e o PIB, que diminuem e afetam diretamente as pessoas, gerando o sentimento de falta de dinheiro que tanto assusta os consumidores.

Como se vê, de forma geral, não chega a ser uma regra que o sexo seja influenciado diretamente pela crise, mas há essa possibilidade. Um dos fatores determinantes é a autoestima das pessoas, que quanto mais alta menos se deixam afetar, e o quanto o dinheiro se faz importante na vida da pessoa. Quanto mais importante, mais a falta dele a atinge internamente e determina seu modo de viver.

23.3.16

uma lagartixa azul fumando narguilê sentada num cogumelo

depois do tormenta da globalização acelerada que sacudiu o planeta durante fatídicos 16 anos (entre 1991 e 2007), depois da uma crise financeira histórica e memorável (entre 2008 e 2012), depois da ventania que despenteia (e desacelera) as economias emergentes, as mesmas que até há bem pouco tempo pareciam imparáveis, com destaque para o naufrágio completo da economia brasileira, e ainda depois de guerras, invasões e intervenções em vários países do oriente e do leste (Líbia, Síria, Iraque, Afeganistão, Paquistão e Ucrânia), depois de vários contra-ataques terroristas, todos nós parecemos incrédulos, gastos ao final da primeira década do século 21...

tempos bicudos sugerem introspecção, ou pelo menos de alguma forma de distanciamento, quem sabe de uma contemplação crítica, em razão deste inundação de irrealidade, de tantas certezas desmontadas...

uma lagartixa azul sentada sobre um cogumelo e fumando tranquilamente seu narguilé, pode ser uma boa parábola para inspirar a nós, esses passageiros da modernidade, chamuscados, curto-circuitados diante de duas décadas tão movimentadas...

esse blog se propõe a circular essas reflexões, especialmente focadas sobre os paradoxos da vida econômica, do cotidiano, do Brasil e do mundo globalizado, buscando um espanto inspirador, aquele espanto que apenas abre o caminho para a crítica e o entendimento...